Estação do Ramalhete é classificada como Imóvel de Interesse Municipal
A Câmara Municipal de Faro aprovou a classificação da estação marinha do Ramalhete e sua envolvente como imóvel de Interesse Municipal.
O Ramalhete situa-se em pleno Parque Natural da Ria Formosa, em Faro, rodeado por lagos naturais de água do mar e por salinas que ainda se encontram em atividade. Apesar da data de construção não ser conhecida, sabe-se que fez parte de uma almadrava - operação de armação para a pesca do atum - chamada “Ramalhete”. Esta armação de atum foi explorada por diversas sociedades e companhias de pesca desde o século XVIII, havendo registos da sua exploração que datam até 1797 por parte da Companhia das Reaes Pescarias.
As armações de atum dominaram, em tempos, toda a zona costeira do Algarve, chegando a encontrar-se armações desde Vila Real de Santo António a Aljezur. Eram uma importante fonte de rendimento na região até 1970, altura em que as capturas de atum diminuíram drasticamente. Em Faro, existiam três armações de atum: Armação do Cabo de Santa Maria, Ramalhete e Forte, as quais se encontravam sob exploração por parte da Companhia de Pescarias do Cabo de Santa Maria, Ramalhete e Forte. Há registos de estas armações ocuparem, em 1935, cerca de 10 hectares de superfície do mar em frente à Praia de Faro.
A comunidade de pescadores era constituída por quase 200 famílias vindas de várias localidades do Algarve, que viviam em cabanas na envolvente do Ramalhete durante a época da pesca do atum. Na altura, o Ramalhete funcionava como armazém de atum, onde ficavam guardados os materiais que utilizavam na construção e arranjo da almadrava.
Das armações de atum que existiam em Faro restam poucos vestígios, sendo o edifício do Ramalhete um dos poucos vestígios arquitetónicos que testemunha este património cultural no Algarve, e o único em Faro.
Atualmente, esta infraestrutura pertence à Universidade do Algarve e é gerida pelo nosso centro. Foi convertida em estação experimental, permitindo a manutenção de organismos vivos em ambiente controlado e dispondo de aquários e laboratórios para tratamento de amostras recolhidas.
A estação do Ramalhete dá acesso privilegiado a um ecossistema rico em biodiversidade com extensas lagoas e sapais da Ria Formosa e zonas costeiras que facilitam os estudos dos nossos investigadores. Desde os cavalos-marinhos, a tanques adaptados para o cultivo de larvas de peixes até à produção de microalgas para alimentação de larvas de peixes e invertebrados, o Ramalhete é bastante versátil e tem laboratórios dentro do edifício e tanques ao ar livre. A estação está integrada no projeto ASSEMBLE Plus e EMBRC, uma parceria que tem como objetivo facilitar à comunidade científica europeia e estudantes das universidades de toda a Europa o acesso às suas instalações e serviços