CCMAR participa em projeto que pretende melhorar a gestão e conservação dos oceanos | - CCMAR -
 

CCMAR participa em projeto que pretende melhorar a gestão e conservação dos oceanos

 

Atualmente, apenas 13% dos oceanos têm ecossistemas relativamente intactos. A análise dos movimentos realizados pelos organismos marinhos ao longo das suas vidas (Conectividade Funcional Marinha) e das relações entre espécies com os seus habitats, contribui para a capacidade dos investigadores de melhorar as estratégias de gestão e conservação dos oceanos. A nossa investigadora Rita Castilho faz parte do projeto COST SEA-UNICORN, onde irá contribuir para o estudo da previsão da vulnerabilidade das populações marinhas, comunidades e serviços dos ecossistemas em relação às alterações ambientais.

Os oceanos cobrem 71% da Terra e fornecem vários tipos de serviços fundamentais para a vida humana como a regulação do clima e o fornecimento de alimentos, sendo essencial a sua gestão sustentável. No entanto, os ecossistemas marinhos são bastante vulneráveis a pressões resultantes da ação humana, e a grande maioria sofre ameaças múltiplas e simultâneas (por exemplo, perda de habitat, sobrepesca, aumento da temperatura). Ao longo do último século, 90% dos predadores marinhos de topo desapareceram e muitos habitats costeiros e oceânicos foram perdidos ou severamente degradados. 

A Conectividade Funcional Marinha (CFM) refere-se a todos os movimentos realizados pelos organismos marinhos, como a dispersão ao longo das suas vidas e migrações diurnas ou sazonais, que resultam na troca de indivíduos (cruzamento de espécies, traços funcionais, genes ou biomassa) no mar e na interface entre o mar e os continentes. A análise da Conectividade Funcional Marinha permite compreender a complexidade das relações entre espécies ou comunidades marinhas e habitats ou regiões heterogéneas que habitam, mas também os movimentos dos nutrientes e materiais no mar. Este conhecimento pode contribuir consideravelmente para a capacidade dos investigadores de melhorar as estratégias de gestão e conservação dos oceanos. 

No entanto, é um grande desafio reunir informações sobre esta área devido à dificuldade de aceder e examinar os ecossistemas marinhos, aos movimentos do mar que ocorrem em três dimensões (na horizontal, vertical e em profundidade), às grandes populações marinhas e ao facto de os organismos encontrados no mesmo local e ao mesmo tempo poderem ter vidas muito distintas e muito poucos desses organismos permanecerem sedentários ao longo de toda a sua vida.

O novo projeto COST SEA-UNICORN foi desenvolvido para promover a interação entre os investigadores da Conectividade Funcional Marinha e as partes interessadas que estão envolvidas na gestão ambiental e na exploração sustentável dos oceanos na Europa e fora, e melhorar as previsões das consequências ecológicas e económicas da CFM.

A nossa investigadora e co-lider do grupo R2C2, Rita Castilho foi uma das proponentes desta iniciativa e é uma participante activa deste projeto que reúne um grande grupo internacional de investigadores na área da Conectividade Funcional Marinha.  Este grupo de investigação pretende contribuir para o desenvolvimento de modelos que irão integrar os dados da CFM (no mar, mas também na ligação entre a terra e o mar) para prever a vulnerabilidade das populações marinhas, comunidades e serviços dos ecossistemas em relação às alterações ambientais.

As principais tarefas em que Rita Castilho está envolvida passam por (1) promover a integração de métodos/ideias entre os investigadores desta área e os campos de investigação complementares, (2) avaliar os diversos tipos de dados atualmente produzidos para descrever a Conectividade Funcional Marinha (por exemplo, em termos de escalas taxonómicas, espaciais ou temporais) e (3) integrar os novos descritores de CFM em modelos de previsão e relacioná-los com outros traços funcionais relevantes.