A ação humana tem mudado drasticamente o meio ambiente, sendo uma prioridade a investigação e monitorização dos impactos da poluição nos organismos marinhos. Diariamente, centenas de poluentes de fontes naturais, domésticas ou industriais (como produtos de higiene e medicamentos) chegam aos oceanos. Para além dos efeitos tóxicos, muitos destes podem afetar a fisiologia de animais marinhos ou dos humanos por interferência com os seus sistemas endócrinos, que são cruciais para o normal desenvolvimento, reprodução ou imunidade.

Esforços internacionais têm identificado os impactos de alguns destes poluentes disruptores endócrinos (EDCs). O controlo de EDCs é essencial para a saúde ambiental e a OCDE estabeleceu testes de avaliação de risco padrão. Infelizmente, relativamente poucos países têm programas de monitorização ambiental para EDCs e aqueles que têm geralmente cobrem um pequeno número de mecanismos de disrupção e de espécies, usando principalmente espécies laboratoriais de peixes ou anfíbios de água doce. 

Através dos seus efeitos no desenvolvimento e reprodução, os EDCs ameaçam a biodiversidade marinha e neste contexto o CCMAR organizou o workshop “MODEL-EDC: Threats and tools for endocrine-disrupting pollutants in marine organisms” nos dias 22 e 23 de novembro, apoiado pela EUROMARINE. Devido à pandemia covid-19 a reunião foi realizada online, tendo reunido 18 palestrantes de 10 países (Europa e América) que contribuíram com a sua experiência em ecotoxicologia, proteção e monitorização ambiental, e 35 participantes de 20 países e vários continentes.

O “workshop foi muito bom, parabéns. Será bom dar seguimento com outras atividades no futuro para preservar o ímpeto do workshop, continuar as interessantes discussões que tivemos e o ambiente estimulante”, comentou um dos participantes.

Este evento abordou com sucesso os seguintes objetivos: fazer um levantamento dos ensaios e modelos de avaliação de risco e monitorização de poluentes EDCs em organismos e ambientes marinhos; discutir se os modelos atuais são representativos dos diversos grupos de organismos marinhos e identificar lacunas e prioridades. O workshop foi organizado em 20 curtas palestras e duas tardes de grupos paralelos de discussão para identificar lacunas, prioridades e estratégias de ação. O resultado do workshop será resumido num “White paper” de “apelo à ação” nesta área. A poluição não respeita fronteiras e é um problema global que precisa de uma solução global.