Nações Unidas declaram 1 de março como dia mundial das Ervas Marinhas | - CCMAR -
 

Nações Unidas declaram 1 de março como dia mundial das Ervas Marinhas

 

A Assembleia Geral das Nações Unidas declarou 1 de março como Dia Mundial das Ervas Marinhas, com o objetivo de alertar os governos para a valorização e conservação das pradarias de ervas marinhas no mundo inteiro.

No Centro de Ciências do Mar do Algarve (CCMAR), há décadas que o grupo ALGAE, liderado pelo investigador Rui Santos, estuda as pradarias de ervas marinhas em Portugal, procurando aumentar o conhecimento da sua estrutura e dinâmica, como respondem as perturbações ambientais e quais os serviços ecossistémicos, ou seja, os benefícios que fornecem as pessoas e ao planeta.

Esta é uma medida “muito significativa” já que as ervas marinhas são consideradas “uma arma natural” contra as alterações climáticas porque têm “uma grande capacidade de sequestrar e armazenar carbono no sedimento, contribuindo a diminuir a concentração de dióxido de carbono na atmosfera, causador do sobreaquecimento global”, diz a investigadora do grupo Carmen Santos.

A cientista destaca que estas pradarias são o “suporte de comunidades de peixes e bivalves com grande valor comercial” representando também “um importante papel no suporte de espécies ameaçadas, fornecendo a estes e a muitos outros animais uma fonte alimentar, bem como um habitat de reprodução e proteção dos predadores”.

Os ecossistemas de ervas marinhas, cobrem 300.000 Km2 em todo o mundo e suportam milhares de espécies no planeta, incluindo espécies ameaçadas, tais como dugongos, tubarões, cavalos-marinhos e tartarugas marinhas.

As pradarias contribuem ainda para a “melhoria da qualidade da água costeira” através da filtragem de poluentes e agentes patogénicos, assim como para "a segurança alimentar através do suporte à pesca comercial e artesanal, a proteção da costa e o turismo e atividades recreativas, tendo, portanto, um elevado valor de suporte para as atividades económicas”, realça.

De acordo com a Iniciativa Blue Carbone as ervas marinhas cobrem menos de 0,2% do fundo marinho, mas armazenam cerca de 10% do carbono sequestrado nos oceanos todos os anos. As ervas marinhas estão a desaparecer a uma taxa de 1,5% por ano e perderam-se já aproximadamente 30% da cobertura global histórica.

Em Portugal, existem 3 espécies de ervas marinhas (Zostera nolteiZostera marina e Cymodocea nodosa) que se encontram sobretudo nos estuários e lagoas costeiras do continente, existindo também pequenas manchas em zonas de areia na ilha de Madeira.

“Infelizmente, muitas destas pradarias desapareceram por causas humanas, como a poluição na água, destruição física por artes de pesca e construção costeira”, lamenta Carmen.

Estes impactos “ainda causam danos nas pradarias existentes”, mas em Portugal “continuam a existir pradarias em bom estado e algumas que até melhoraram ao longo do tempo”, aponta.

A proteção das pradarias ainda existentes e a restauração das que foram perdidas “devem ser as prioridades para a conservação destes preciosos ecossistemas em Portugal”, de forma que se possa continuar a receber os seus benefícios, defende a investigadora.

A proposta para a criação do dia mundial das Ervas Marinhas surgiu do governo do Sri Lanka durante a 74ª Reunião Plenária da Assembleia Geral da ONU, no dia 23 de maio sendo aprovada por unanimidade e copatrocinada por 24 países.