Conselho Europeu solicita estudo sobre bem estar dos peixes a investigadores do CCMAR | - CCMAR -
 

Conselho Europeu solicita estudo sobre bem estar dos peixes a investigadores do CCMAR

 

João Saraiva, líder do Grupo de Etologia e Bem-Estar dos Peixes do Centro de Ciências do Mar do Algarve (CCMAR), irá liderar um estudo solicitado pelo Conselho Consultivo para a Aquicultura (CCA) da União Europeia para informar o sector de aquacultura sobre formas de melhorar o bem-estar dos peixes e potenciar a sua produção.

O estudo tem como objetivo fornecer uma visão e aconselhamento à Comissão Europeia, aos Estados-Membros e aos responsáveis europeus pela aquacultura sobre os benefícios na utilização do crescente conhecimento do comportamento e da etologia dos peixes na produção piscícola.

“É uma grande honra (e responsabilidade) ter a oportunidade de traduzir a ciência em aconselhamento político, a fim de melhorar o bem-estar dos peixes na aquacultura. Contamos com uma boa ciência para o fazer", assume João Saraiva.

Para o investigador, esta “importante” tarefa “consolida o papel fundamental da investigação científica” realizada pelo grupo “ao mais alto nível político da UE” no que diz respeito ao bem-estar dos peixes de piscicultura.

O CCA tem como papel aconselhar a Comissão Europeia e os Estados-Membros sobre qualquer nova medida legislativa, regulamentar ou jurídica a nível europeu ou nacional que afete a aquacultura.

O trabalho irá incluir uma revisão da literatura científica sobre a etologia selvagem e as necessidades comportamentais das principais espécies de peixes cultivados na UE, concentrando-se no robalo europeu, dourada, truta arco-íris, carpa comum e salmão do Atlântico. Procurará também assegurar que os conhecimentos práticos são combinados com os resultados da bibliografia publicada e fazer um levantamento dos conhecimentos e opiniões dos membros do CCA, dos seus contactos e de outros profissionais tendo em conta a sua experiência pessoal na etologia e nas necessidades comportamentais dos peixes. 

Como resultado, procura-se que se produzam ”melhores práticas” de aquacultura, que satisfaçam as exigências etológicas, incluindo o desenvolvimento de recursos ambientais e enriquecimento, “ilustradas com alguns estudos de caso”. 

João Saraiva defende que o foco deve ser em “recomendações genéricas, em vez de recomendações detalhadas sobre espécies específicas”, já que certas práticas serão “apropriadas para algumas espécies e não para todas”. 

“Deve ser dada especial atenção a medidas que sejam fáceis de implementar a nível da exploração assim como medidas que proporcionem situações vantajosas tanto para os peixes como para o produtor”, adianta.

Os investigadores irão ainda procurar estabelecer indicadores comportamentais para avaliar de forma fiável o bem-estar e melhorar a produção, assim como criar prioridades para a investigação e para o financiamento de melhorias no bem-estar comportamental.

O Grupo de Etologia e Bem-Estar dos Peixes do CCMAR já tinha sido convidado a apresentar o seu trabalho e os seus pontos de vista sobre o bem-estar dos peixes aos interessados no CCA, bem como à Comissão Europeia e ao Parlamento Europeu.