Entre os dias 11 e 20 de setembro a Expedição Eurofleets+ SINES – liderada pelo CCMAR e pelo Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) – juntou uma equipa internacional de investigadores a bordo do navio oceanográfico Sarmiento de Gamboa, com o objetivo de identificar o impacto das alterações climáticas no ecossistema marinho e na sua biodiversidade.

Durante dez dias, os 18 investigadores de seis nacionalidades utilizaram o equipamento científico e os laboratórios existentes no navio de investigação para recolher, processar, armazenar e analisar amostras de água do mar, plâncton e sedimentos marinhos. 

Ao longo das mais de 1000 milhas náuticas percorridas foram recolhidas e analisadas amostras obtidas entre os 100 e os 5000 metros de profundidade. Foram ainda obtidos dados oceanográficos através da utilização de um veículo autónomo submarino (AUV). 
As amostras de água do mar recolhidas durante esta campanha permitirão caracterizar as suas propriedades físicas e químicas (através da medição de 20 parâmetros diferentes), bem como caracterizar a comunidade de plâncton presente na coluna de água. Para além disso, as amostras de sedimentos colhidas no fundo do mar fornecerão informações importantes que irão permitir estudar as alterações climáticas ocorridas no passado.
 
Segundo os investigadores responsáveis pela campanha, apesar dos desafios enfrentados, os objetivos da expedição Eurofleets+ SINES foram atingidos. A utilização de várias metodologias e diferentes tipos de dados oceanográficos permitiu «fazer investigação científica multidisciplinar de alto nível» ao longo de toda a campanha. Os resultados preliminares obtidos durante a expedição são promissores e serão apresentados assim que termine o estudo detalhado das amostras e dos dados recolhidos.

O principal objetivo do projeto associado a esta expedição científica é estudar os efeitos das alterações climáticas no fenómeno oceanográfico designado por afloramento costeiro ou ‘upwelling’ – que é o nome dado, em língua inglesa ao processo em que águas profundas, frias e geralmente ricas em nutrientes sobem à superfície. Ao largo da costa oeste da Península Ibérica, este fenómeno ocorre durante a primavera e o verão, verificando-se um aumento da produtividade biológica daquela região.

O estudo mais detalhado das amostras obtidas durante esta expedição científica permitirá, assim, identificar as alterações e os riscos – para o funcionamento do ecossistema marinho e da sua biodiversidade – decorrentes do potencial impacto das alterações climáticas nos locais onde ocorre afloramento costeiro e perceber se no futuro haverá mais ou menos peixe nas redes dos pescadores e nos pratos dos portugueses.

O trabalho levado a cabo pela equipa científica, a bordo do navio de investigação Sarmiento de Gamboa, foi ainda acompanhado por um professor de Biologia e Geologia que teve a oportunidade de ver de perto como funciona a investigação a bordo de um navio oceanográfico e transmitiu toda essa informação aos alunos e professores de escolas espalhadas um pouco por todo o país.