Investigadores confirmam que os corais duros provêm de águas profundas
A equipa de investigação estudou, pela primeira vez, a história dos corais escleractíneos, também conhecidos como corais duros, em relação à profundidade a que vivem, abrangendo várias espécies que evoluíram ao longo de cerca de 415 milhões de anos.
Ana Campoy, investigadora do CCMAR, e a sua equipa explicaram que os primeiros corais tiveram origem em águas profundas, a mais de 200 metros de profundidade. Estes corais são diferentes dos que formam extensos recifes em águas tropicais, como a icónica Grande Barreira de Coral. Estes antigos corais eram solitários, o que significa que não formavam colónias ou recifes, e como viviam num ambiente escuro, também se alimentavam capturando diferentes formas de plâncton em suspensão na água.
Mas a questão mantém-se: como é que os corais chegaram a colonizar os oceanos do mundo?
Utilizando uma árvore filogenética, os investigadores analisaram as relações entre as espécies, considerando se os corais tinham uma relação simbiótica com algas microscópicas chamadas zooxantelas, e se eram coloniais ou solitários. Logo perceberam que as preferências de profundidade dos corais estavam intimamente ligadas às suas características: os corais com zooxantelas preferem águas rasas e claras (essas águas têm pouca matéria orgânica e as algas fornecem alimento através da fotossíntese) e as espécies coloniais tendem a viver em áreas mais rasas, enquanto os corais solitários dominam as zonas mais profundas.
O estudo concluiu que o início da simbiose com zooxantelas desencadeou uma rápida colonização dos corais e o sucesso em águas pouco profundas, enquanto a colonização das águas mais profundas foi muito mais lenta. Descobriram também que os corais coloniais e não zooxantelados mostraram uma agilidade notável na colonização de diferentes profundidades, particularmente em águas pouco profundas.
O estudo não só fornece informações valiosas sobre a forma como a vida marinha se adaptou ao longo de milhões de anos, mas também nos orienta na conservação destes ecossistemas marinhos vitais para as gerações futuras, uma vez que as taxas de colonização crescentes provenientes de zonas mais profundas podem indicar uma oportunidade de conservação.
Embora a investigação tenha analisado 513 espécies de corais duros, o que representa apenas uma fração das cerca de 1500 espécies conhecidas, proporcionou uma abordagem pioneira para compreender os movimentos das espécies ao longo dos gradientes ambientais, tais como a profundidade, a latitude ou a altitude, e abre caminho a futuras investigações.
Para mais informações pode encontrar o artigo científico online, na revista Nature.