Biodiversidade dentro da mesma espécie pode ser mais importante do que entre espécies
As alterações na biodiversidade provocadas pelas atividades humanas afetam as funções dos ecossistemas. A remoção ou substituição de certas espécies pode ter efeitos significativos na estrutura das comunidades, no funcionamento dos ecossistemas, e por sua vez nos serviços que prestam aos seres humanos. As investigações anteriores focavam-se principalmente na diversidade a nível das espécies. Mais recentemente, a investigação ampliou o seu foco de modo a incluir a diversidade abaixo do nível da espécie, como por exemplo as diferenças comportamentais, morfológicas e genéticas dentro de uma única espécie.
Atuais alterações climáticas estão a afetar seriamente a diversidade dentro da mesma espécie, o que poderia alterar as comunidades e o funcionamento dos ecossistemas
As atuais alterações climáticas estão a afetar seriamente a diversidade dentro da mesma espécie, expondo as espécies à perda de conjuntos únicos de diversidade genética e ao enfraquecimento da capacidade de adaptação das espécies como um todo. Para compreender como os ecossistemas são capazes de responder às alterações ambientais de grande escala e como as funções e serviços dos ecossistemas podem ser protegidos contra estas alterações e perda de biodiversidade, é necessário compreender-se a variabilidade na resposta funcional, particularmente de espécies que atuam como engenheiros de ecossistemas, tais como as árvores, corais, algas ou mexilhões. Os resultados sugerem que mudanças tão rápidas em partes únicas do fundo genético das espécies poderão alterar as comunidades e o funcionamento dos ecossistemas a um nível inesperado.
O que são espécies que atuam como engenheiros dos ecossistemas?
As espécies que atuam como “engenheiros de ecossistemas”, modificam o ambiente quer através da sua própria estrutura física - engenharia autogénica, como por exemplo as conchas vazias deixadas pelos bivalves que servem de habitat para outros animais - ou através da transformação de materiais vivos ou não vivos de um estado físico para outro através de meios mecânicos ou outros - engenharia alogénica, como por exemplo a escavação de tocas por mamíferos. Nos habitats marinhos entre marés, os mexilhões têm um papel importante como “engenheiros de ecossistemas”, uma vez que modificam o seu ambiente (agregando-se em colónias de mexilhões) e através de comportamentos simples, atuando tanto como engenheiros ecológicos autogénicos como alogénicos, ou seja, modificado o ambiente.
O que demostra este estudo?
Pode a diversidade intraespecífica (entre seres vivos da mesma espécie) ser funcionalmente mais importante que a diversidade entre espécies? Esta foi a principal questão deste estudo. Para a resolver, os investigadores focaram-se num ecossistema costeiro dominado por duas espécies de mexilhões, o Mytilus galloprovincialis e Perna perna, uma das quais apresenta duas linhagens genéticas distintas. Os investigadores mostraram experimentalmente que a variação da diversidade dentro de uma espécie pode funcionar como um obstáculo para a diversidade entre espécies.
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