EMO BON: o primeiro observatório de biodiversidade marinha na Europa
Os ecossistemas marinhos albergam uma enorme biodiversidade com elevado valor para a saúde de todos os seres vivos. No entanto, as alterações climáticas e a poluição marinha representam ameaças significativas para estes ecossistemas, pelo que políticas europeias e internacionais recentes pretendem restaurar a saúde dos oceanos e combater as alterações climáticas. Para apoiar estas políticas, são necessários dados consistentes sobre a biodiversidade marinha, os quais podem ser obtidos através das ciências ómicas. Uma vez que existem atualmente algumas lacunas na recolha destes dados, particularmente na Europa, surgiu o European Marine Omics Biodiversity Observation Network - EMO BON!
Lançado no Verão de 2021, o EMO BON é um projeto promovido pelo EMBRC – European Marine Biological Resource Centre que inclui uma rede de 16 estações de observação costeira em toda a Europa, desde o Norte da Noruega até ao Mar Vermelho tropical em Israel. Em Portugal, esta rede de observatórios genómicos é representada pelo Centro de Ciência do Mar do Algarve (CMAR-Algarve) e pelo Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental (CIIMAR).
Recolher frequentemente amostras da coluna de água e de substratos de diferentes habitats para análise da biodiversidade marinha é um dos grandes objetivos do EMO BOM. De dois em dois meses, todos os observatórios da Europa fazem a sua recolha de amostragem, aplicando o mesmo procedimento definido pelo HandBook EMO BON, para em laboratório analisarem o genoma (ADN) das amostras através da extração e sequenciação do ADN (análise metagenómica). Desta forma, o projeto pretende assegurar uma base de dados contínua sobre a biodiversidade existente nos vários locais de amostragem, seguindo os princípios de dados FAIR (Findable, Accessible, Interoperable, and Reusable).
O CCMAR tem como ponto de amostragem a Estação Marinha do Ramalhete. Bruno Louro, investigador do CCMAR e representante português do comité operacional do EMO BOM, é o responsável por recolher amostras de sedimentos da Ria Formosa que irão contribuir para esta base de dados europeia.
Os dados que resultam deste trabalho ficarão disponíveis para toda a comunidade científica e oferecem à Europa um meio de monitorizar e compreender a sua biodiversidade marinha, preenchendo as atuais lacunas nos dados de observação biológica europeus.
NOTA: Caso alguma instituição em Portugal tenha interesse em contribuir e participar neste projeto com um novo ponto de amostragem pode contactar o investigador Bruno Louro.