Estudo analisa o impacto das alterações climáticas na pesca portuguesa | - CCMAR -
 

Estudo analisa o impacto das alterações climáticas na pesca portuguesa

 

As alterações climáticas estão a afetar o ecossistema marinho. Em Portugal e na maioria dos países da União Europeia e do mundo a informação sobre o impacto das alterações climáticas nos recursos explorados (espécies comerciais pesqueiras) é inexistente. Neste estudo coordenado pelo nosso investigador Francisco Leitão, do grupo ECOREACH, estudou-se o impacto das alterações climáticas na pesca em Portugal. Os investigadores desenvolveram um quadro de avaliação da vulnerabilidade das pescas ao clima, baseado na exposição das espécies, sensibilidade e adaptabilidade aos fatores ambientais. O estudo foi realizado no âmbito de dois projetos de investigação em desenvolvimento no CCMAR: CLIMA-PESCA e CLIMFISH.

 

O impacto das alterações climáticas nos principais recursos marinhos de Portugal
Portugal é o terceiro país com o maior nível de consumo de peixe per capita do mundo. Este estudo é a primeira tentativa de aplicar a avaliação da vulnerabilidade ecológica dos efeitos das alterações climáticas nos principais recursos marinhos do nosso país. A análise foi realizada em três regiões do país (Norte, centro e Sul de Portugal) e em dois cenários futuros de alterações climáticas, em 74 espécies de peixes e invertebrados de interesse comercial. As características ecológicas das espécies foram utilizadas para revelar o impacto das alterações climáticas nas espécies comerciais mais importantes. Um painel de peritos determinou o nível de exposição, sensibilidade, e capacidade de adaptação das espécies, com base em diferentes indicadores de história de vida e nível de conservação ou exploração dos recursos. O estabelecimento de uma classificação da vulnerabilidade dos principais recursos marinhos portugueses fornece informações importantes relativas ao efeito do clima nestas espécies, pois o efeito destes impactos sobre as espécies pode ser positivo, neutro ou negativo. Esta metodologia demorou dois anos a ser implementada e seguiu as orientações do grupo 2 do Painel Intergovernamental sobre Alterações Climáticas (IPCC) para a avaliação das pescas.

 

Espécies temperadas portuguesas poderão suportar as mudanças previstas nas futuras alterações climáticas
Os resultados mostraram, e considerando as previsões sobre a as alterações climáticas para 2040-2050, que as espécies capturadas na pesca em Portugal (espécies de região temperada) em geral podem suportar as mudanças futuras previstas em termos de clima (efeitos neutros). Apesar de existir um número limitado de espécies migratórias e elasmobrânquios (ex: tubarões) mais vulneráveis às alterações climáticas, não é necessária uma particular preocupação considerando as baixas pontuações de vulnerabilidade estimadas. 
Este estudo requer reavaliações caso se prevejam futuras previsões sobre alterações climáticas. Para além disso, a equipa de investigação está agora a tentar compreender como é que as alterações climáticas afetam as comunidades piscatórias a nível socioeconómico. A conjugação da perspetiva ecológica com a avaliação socioeconómica irá permitir uma melhor definição do impacto das alterações climáticas nas atividades piscatórias portuguesas.
 

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