Fátima Abrantes será uma das responsáveis da Expedição EXP397
A expedição (EXP397) - Paleoceanografia da Margem Ibérica, terá uma investigadora do IPMA e do CCMAR como uma das responsáveis da Expedição que será a realização de um sonho de longa data: produzir o equivalente marinho a um core de gelo que cubra um período mais longo do que os 850 mil anos atualmente cobertos pelos cores de gelo. A estratégia proposta baseia-se na integração de dados replicados e bem datados obtidos em sequências sedimentares, numa área em que a taxa de acumulação dos sedimentos permite uma resolução temporal na ordem das centenas de anos, e recolhidos às profundidades de ocorrência das massas de água mais relevantes para a circulação intermédia e profunda do oceano global. Os resultados esperados terão um impacto substancial na nossa compreensão da história da Terra durante os últimos 5 Milhões de anos, e na capacidade de antecipar o futuro do planeta com maior precisão.
O reconhecimento da existência do aquecimento global só se conseguiu quando as análises da temperatura e concentração dos gases de estufa retidos nas bolhas de ar dos cores do gelo perfurados na Gronelândia e na Antártica, demonstraram a não existência nos últimos 850 mil anos, de concentrações equivalentes ou superiores às medidas na atmosfera desde 1850. Por outro lado, o estudo em alta resolução desses mesmos cores de gelo aumentou significativamente a compreensão do funcionamento do sistema climático da terra. Entretanto, sequências sedimentares recolhidas na margem Ibérica, onde a taxa de acumulação de sedimentos permite uma resolução temporal na ordem das centenas de anos, permitiram verificar que circulação profunda na área reflete as condições climáticas ocorridas na Antártica, enquanto que a circulação superficial responde às condições climáticas na Gronelândia, tornando esta área numa zona chave para entender o clima global no passado.
Uma proposta ao Programa Internacional para a Descoberta do Oceano (IODP) difere significativamente das típicas propostas científicas apoiadas por agências de financiamento nacionais. Em particular, os proponentes da proposta inicial podem não ser os cientistas responsáveis pela expedição de perfuração, que se tornam também nos responsáveis por garantir/ conduzir os trabalhos de investigação de muitos outros investigadores de todo o mundo que são selecionados para participar da expedição.
Atingir os objetivos científicos de uma qualquer expedição requer investigação substancial no período pós-expedição. O apoio para este tipo de investigação depende geralmente de mecanismos de financiamento específico das agências nacionais que são os membros do programa IODP. Em Portugal a agência membro é a FCT, e o financiamento dos trabalhos pós-expedição só pode ser obtido por apresentação de propostas ao concurso único para as várias áreas da ciência.
Para mais informações e candidaturas para integrar a exposição, consulte o site: http://iodp.tamu.edu/scienceops/expeditions/iberian_margin_paleoclimate.html