O impacto da acidificação dos oceanos nos ecossistemas marinhos e costeiros | - CCMAR -
 

O impacto da acidificação dos oceanos nos ecossistemas marinhos e costeiros

 

O oceano desempenha um papel importante na modulação do clima da Terra, absorvendo cerca de um terço das emissões antropogénicas de CO2. No entanto, este importante serviço ecossistémico tem um custo: a absorção de CO2 desde o início da revolução industrial levou à acidificação dos oceanos em cerca de 30% prevendo-se que atinja os 100% no final do século. Embora a resposta química do ciclo do carbono ao aumento do CO2 seja razoavelmente bem conhecida, os efeitos da acidificação dos oceanos nos ecossistemas marinhos são ainda mal compreendidos e precisam de ser quantificados. Devido às baixas temperaturas e alcalinidade moderada das águas do Oceano Antártico espera-se que este venha a sofrer os impactos mais severos da acidificação dos oceanos. Como tal, os ecossistemas Antárticos podem ser usados ​​como indicativos para os impactos da acidificação nos ecossistemas marinhos a médias e baixas latitudes. 

 

O que são cocolitóforos?
Os cocolitóforos são algas eucariotas unicelulares que segregam placas de calcite (cocólitos; Figura 1), são o fitoplâncton calcário marinho mais abundante e desempenham um papel importante no ciclo do carbono marinho, contribuindo para o bombeamento oceânico de matéria orgânica e carbono para o fundo oceânico. Emiliania huxleyi é uma espécie cosmopolita de cocolitóforo conhecida por produzir grandes florações/ blooms nas altas latitudes, onde a superprodução dá uma cor turquesa leitosa às águas superficiais que é facilmente detetada por satélite.

 

Projeto SONAR-CO2 pretende clarificar se a acidificação dos oceanos irá resultar na alteração da comunidade fitoplantónica dos sistemas polares e subpolares
O projeto SONAR-CO2 pretende contribuir com informação que permita clarificar se a acidificação do oceano irá resultar na alteração da comunidade fitoplantónica dos sistemas polares e subpolares, através por exemplo, da substituição das espécies altamente calcificadas de cocolitóforos. Este estudo recentemente publicado no jornal Anthropocene avalia as mudanças pelas quais a espécie subantártica mais abundante, Emiliania huxleyi, passou durante a era industrial. Os autores comparam dados recentes de cocólitos de E. huxleyi recolhidos da coluna de água com os registos encontrados nos sedimentos Holocénicos que cobrem o fundo do oceano no sul da Tasmânia (Austrália). A observação microscópica tradicional combinada com técnicas de ponta permitiram avaliar mudanças na composição, morfologia e calcificação dos cocólitos de E. huxleyi. 

 

Resultados deste estudo indicam diferenças importantes na resposta natural dos principais grupos de plâncton carbonatado à acidificação dos oceanos
Os resultados revelam que os cocólitos modernos de E. huxleyi são semelhantes aos produzidos antes da revolução industrial, sendo apenas cerca de 2% mais finos do que os seus equivalentes pré-industriais. Uma variação subtil que contrasta fortemente com dados publicados para espécies de outro grande grupo de plâncton pelágico do Oceano Antártico, os foraminíferos planctônicos, os quais sofreram uma redução no peso das conchas carbonatadas na ordem dos 30-35%. Os resultados deste estudo indicam diferenças importantes na resposta natural dos principais grupos de plâncton carbonatado à acidificação oceânica em curso desde o início da revolução industrial, e apontam para uma maior resiliência dos cocolitóforos subantárticos relativamente aos foraminiferos planctónicos.

 

Pode ler o artigo completo AQUI.