Será que a variabilidade no comportamento de larvas de peixe afeta a seleção de habitat? | - CCMAR -
 

Será que a variabilidade no comportamento de larvas de peixe afeta a seleção de habitat?

 

Os nossos investigadores com a colaboração de Claudio Carere da Universidade de Tuscia (Itália), e investigadores do IPMA/EPPO, testaram os comportamentos apresentados por larvas de peixes temperados durante o seu desenvolvimento.  

 

Porque testamos o comportamento de larvas de peixes temperados  
Os animais como seres individuais em todo o tipo de taxonomia variam no seu comportamento, ou seja, mostram traços das suas personalidades. Esta variabilidade entre indivíduos tem consequências ecológicas e evolutivas, uma vez que afeta uma série de processos em relação às populações. Neste estudo, focámo-nos em como as larvas de de peixes que vivem em temperaturas amenas, ou seja, de peixes temperados, selecionam os seus  habitats de viveiro. 

A investigação partiu da Sense Acuity And Behavioural Hypothesis que propõe que as larvas de peixe podem detetar e seguir sinais ambientais que as permitem escolher os habitats de viveiro mais adequados. Testámos esta hipótese em larvas individuais do sargo branco (Diplodus sargus), onde foram continuamente testadas em diferentes idades através de um aparelho de dois canais de escolha, expondo-as a um fluxo com diferentes estímulos, como habitats de viveiros (lagoa, litoral) e diferentes temperaturas ou salinidades e registando a sua atividade exploratória e preferência nas diferentes condições. 

 

Larvas de peixes mostram alguma individualidade que pode afetar a escolha do seu habitat  
Verificámos que a maioria das larvas de peixes temperados mudou de comportamento durante as transformações sofridas desde a fecundação do óvulo até ao seu completo desenvolvimento (ontogenia), mas também foram consistentes no seu comportamento, revelando uma forte individualidade. Porém, não surgiu uma preferência significativa pelos estímulos apresentados, nem esteve relacionada com a individualidade. A atividade exploratória foi maior quando as larvas apresentaram comportamentos não responsivos ou inconclusivos, o que significa que as larvas tentaram encontrar um estímulo diferente daquele que estávamos a oferecer ou tiveram uma selecção aleatória do habitat. Assim, a individualidade/personalidade de cada larva pode influenciar o processo de procura de habitats de viveiros adequados e, consequentemente, a dispersão e conectividade das populações do sargo branco.  
 

Os resultados finais  
Esta investigação demonstrou que a caracterização do comportamento das larvas de peixes temperados e a compreensão da selecção activa do habitat podem aumentar o nosso conhecimento sobre a variabilidade da escolha de habitat e ajudar a melhorar os modelos de dispersão larvar para compreender como os efeitos das alterações climáticas e da degradação do habitat afetam na distribuição dos peixes e das populações. Além disso, devido a estes novos conhecimentos as novas técnicas de aquacultura poderão contribuir para o bem-estar dos animais. 

 

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