Tipo de microalgas presentes no Oceano Antártico determina a eficiência do sequestro global de carbono
O Oceano Antártico é uma das regiões mais produtivas dos oceanos a nível mundial, o que despertou um debate sobre a forma como esta região modula o aquecimento global. Por sua vez, o fitoplâncton (algas microscópicas) é fundamental para a modulação das alterações climáticas, pois no seu processo de fotossíntese consomem dióxido de carbono da atmosfera que conjuntamente com os nutrientes dissolvidos na água do oceano e a energia solar utilizam para produzir matéria orgânica. Essa matéria orgânica é depois exportada para os fundos oceânicos no processo designado de bombeamento biológico.
As diatomáceas, são algas unicelulares com valvas de sílica biogénica e são o grupo de fitoplâncton mais relevante no ciclo de carbono orgânico. Isto porque devido às suas elevadas velocidades de queda, as diatomáceas têm uma maior capacidade de transferir carbono orgânico e silício biogénico da superfície do oceano para o oceano profundo.
Um estudo desenvolvido pela investigadora Diana Zúñiga García, durante um estágio realizado em Lisboa com a nossa investigadora e co-autora do artigo Fátima Abrantes, destaca o papel das diatomáceas na modulação da eficiência do sequestro de carbono no Oceano Antártico.
Neste trabalho foram realizadas observações de uma série temporal (março de 2012 a janeiro de 2013) das diatomáceas recolhidas numa armadilha de sedimentos colocada a mil metros de profundidade. Os resultados dessas observações foram combinados com um modelo de biogeoquímica marinha (ECCO-Darwin) e mostram como as condições ambientais determinam a ecologia das diatomáceas no sul do Mar da Escócia . O estudo revelou ainda que a biogeoquímica do material que escapa da zona superficial do oceano é determinada pela associação de diatomáceas presente.
O resultado mais interessante foi a verificação de que a ocorrência de um episódio anómalo de fusão de gelo marinho, ocorrido no início do Verão em 2012 e 2013, gerou fluxos elevados da espécie Corethron pennatum e resultou numa maior exportação de silício biogénico do que de carbono orgânico para o fundo oceânico. Ou seja, um aumento de episódios anómalos de fusão do gelo marinho pode resultar numa diminuição da quantidade de carbono exportado para o fundo oceânico.
Compreender como as diatomáceas da Antártica controlam a produção primária e a exportação de carbono, e contribuem para o sequestro global de carbono, é pois uma prioridade científica.
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